014) MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS - EMERGÊNCIA CLINICA - COMA DIABÉTICO e HIPOGLICEMIA:
O diabetes mellitus é uma doença muito freqüente e que se acredita estar ficando mais prevalente em todas as partes do mundo. O diabetes mellitus descompensado pode levar a vítima à condição aguda de cetoacidose ou coma diabético. As pessoas com diabetes que têm um bom acompanhamento da sua condição clínica vivem a maior parte de sua vida normalmente com tratamento adequado. Às vezes, porém, pode ocorrer uma elevação muito brusca e progressiva da taxa de açúcar no sangue da vítima diabética, caracterizando-se hiperglicemia. As causas mais comuns de hiperglicemia e cetoacidose diabética são: Desobediência ao tratamento e infecção. É preciso ter um bom conhecimento dos mecanismos que levam uma vítima ao coma diabético, para se poder agir com precisão e rapidez no atendimento de primeiros socorros. Há uma taxa anormal de açúcar (glicemia) circulante no sangue,que é variável desde o jejum até após as refeições. A tabela abaixo mostra-as variações de taxas de açúcar no sangue para pessoas não diabéticas. DIABETES MELLITUS: (Também chamado de diabetes sacarino) é uma doença na qual o sangue é incapaz d utilizar normalmente o açúcar como fonte de energia, devido a uma deficiência de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. A insulina é uma substância necessária para permitir a entrada, nas células do organismo, do açúcar existente no sangue. O diabetes mellitus ocorre quando são secretadas quantidades insuficientes de insulina pelo pâncreas. O diabetes mellitus é tratável. Alguns pacientes diabéticos são capazes de controlar sua doença apenas com uma dieta apropriada; outros o fazem com medicamentos orais; vários necessitam de injeção de insulina uma ou duas vezes por dia. A insulina injetável possui ação semelhante àquela produzida pelo pâncreas. A quantidade de insulina administrada deve ser equilibrada com a ingestão de alimentos, uma vez que existe açúcar em todos os alimentos. Se não houver insulina suficiente no sangue, a glicose (açúcar) do sangue não pode ser utilizada pelas células. A glicose retida no sangue se elevará a um nível extremamente alto, o que forçará a penetração de açúcar nas células. O alto nível de açúcar no sangue possui efeito pernicioso, pois leva a uma perda excessiva, tanto de açúcar quanto de líquido, pela urina. A perda de açúcar e líquido pela urina causa os sintomas clássicos do diabetes mellitus não controlado; Poliúria (micção freqüente), Polifagia(fome) Polidipsia (ingestão freqüente de líquidos para satisfazer a sede). COMA DIABÉTICO e COMO HIPOGLICÊMICO: O diabetes mellitus pode tornar-se uma emergência devido a uma das duas condições: Coma diabético (hiperglicêmico) ou coma hipoglicêmico. COMO DIABÉTICO: O organismo tentará superar a falta de açúcar em suas células usando outros alimentos como fonte de energia, e isto será feito através da gordura armazenada. O uso desta fonte é ineficaz, os produtos de degradação da gordura usada para fornecimento de energia normal aumentam acentuadamente a acidez do sangue. Se a perda de líquidos e o aumento da acidose forem muito intensos, haverá o desenvolvimento de coma diabético. Nesta condição, o nível sanguíneo de açúcar é muito alto, porém não é ele que causa diretamente o coma. A presença no sangue de produtos ácidos de degradação e a perda de líquidos é que leva o diabético ao coma. O desenvolvimento do coma geralmente ocorre quando um paciente diabético não tratado, ou que não faz uso da insulina prescrita, sofre algum tipo de "stress", ou uma infecção. O paciente pode se apresentar torporoso com os seguintes sinais físicos: 1. Falta de ar, manifestada por respiração suspirosa rápida e pro-funda. 2. Desidratação (pele seca e quente e olhos afundados). 3. Odor peculiar (cetônico) causado pelos ácidos acumulados no sangue. 4. Pulso rápido e fraco. 5. Pressão arterial normal ou ligeiramente baixa. 6. Graus variáveis de diminuição das respostas aos estímulos. 7. Coma. 8. Óbito. COMO HIPOGLICÊMICO: O coma hipoglicêmico pode ocorrer quando a insulina é administrada em excesso, ou quando o paciente não se alimenta adequadamente ou se exercita demais. O açúcar é rapidamente retirado do sangue para as células,faltando então, em quantidade suficiente no sangue para a nutrição do cérebro. Uma vez que este requer um suprimento constante de glicose assim como de oxigênio, pode haver o desenvolvimento rápido de inconsciência e lesão cerebral permanente, se o nível sanguíneo de açúcar permanecer baixo. O açúcar baixo no sangue (hipoglicemia) está associado aos seguintes sinais e sintomas: 1. Respiração normal. 2. Pele pálida e úmida. 3. Confusão; cefaleia; raciocínio prejudicado; riso despropositado; resistência ao auxílio. 4. Pulso rápido e cheio.5. Pressão arterial normal. 6. Desmaio; convulsões e coma. 7. Óbito. IDENTIFICAÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS: Se um paciente diabético se tornar um caso de emergência, pode ser difícil para uma pessoa inexperiente, mesmo sabendo que o paciente é diabético, fazer a diferenciação entre os sinais do pré-coma diabético ou hiperglicêmica e do pré-coma hipoglicêmico. Nos casos de desequilíbrio de açúcar, se a vítima ainda não tiver alcançado a fase de coma, ela pode sentir-se doente ou estar apenas semiconsciente; porém quase sempre pode informar a quem a está socorrendo a causa exata de sua doença. No tratamento de um paciente diabético, deve-se fazer as seguintes perguntas a ele ou a sua família: Alimentou-se hoje? Tomou insulina hoje? Se o paciente se alimentou e não tomou insulina, provavelmente está evoluindo para coma diabético; se tomou insulina e não se alimentou,provavelmente está evoluindo para coma hipoglicêmico. Se o paciente estiver inconsciente, pode-se fazer o diagnóstico de coma diabético ou de coma hipoglicêmico, baseando-se nos sinais e sintomas acima. É muito difícil o diagnóstico diferencial A diferença primária visível será a respiração do paciente, respirações suspirosas profundas no coma diabético e respirações normais no coma hipoglicêmico. Um paciente diabético inconsciente e com convulsões provavelmente estará em coma hipoglicêmica. O tratamento destas condições inclui os seguintes itens: 1. O paciente em coma diabético ou hiperglicêmico (muito açúcar no sangue) necessita de insulina e, talvez, de outros medicamentos. Transportá-lo imediatamente para o hospital, para cuidados médicos apropriados. 2. O paciente em coma hipoglicêmico (nível sanguíneo de açúcar baixo) necessita de açúcar. A administração de qualquer solução glicosada pode reverter imediatamente o coma hipoglicêmico. 3. Deve-se procurar qualquer identificação de emergência do paciente, que pode ser encontrada sob a forma de cartão, colar ou pulseira. Este cartão informará se o paciente possui um problema médico e,possivelmente, poupará tempo em se pesquisar um diagnóstico.