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Síndrome de Guillain-Barré


HISTÓRICO

  • Em 1859, o médico francês Jean B. O. Landry descreveu um distúrbio dos nervos periféricos que paralisava os membros, o pescoço e os músculos respiratórios.

  • Em 1916, três médicos parisienses: Georges Guilliain, Jean Alexander Barre e André Strohl, demonstraram a anormalidade característica do aumento das proteínas com celularidade normal, que ocorria no líquor dos pacientes acometidos pela doença.

  • Desde então, vários investigadores se interessaram pela síndrome, colhendo informações adicionais sobre o distúrbio, e demonstrando que outros músculos, além do grupo muscular dos membros e da respiração, poderiam ser afetados, como os da deglutição os do trato urinário, do próprio coração e dos olhos.

A síndrome de Guillain-Barré ou polirradiculoneurite aguda é uma doença desmielinizante caracterizada por uma inflamação aguda com perda da mielina (membrana de lipídeos e proteína que envolve os nervos e facilita a transmissão do estímulo nervoso) dos nervos periféricos e às vezes de raízes nervosas proximais e de nervos cranianos (nervos que emergem de uma parte do cérebro chamada tronco cerebral e suprem às funções específicas da cabeça, região do pescoço e vísceras).

CAUSA

  • A síndrome de Guillain Barré tem caráter autoimune. O indivíduo produz auto-anticorpos contra sua própria mielina. Então os nervos acometidos não podem transmitir os sinais que vêm do sistema nervoso central com eficiência, levando a uma perda da habilidade de grupos musculares de responderem aos comandos cerebrais. O cérebro também recebe menos sinais sensitivos do corpo, resultando em inabilidade para sentir o contato com a pele, dor ou calor.

  • Em muitas pessoas o início da doença é precedido por infecção de vias respiratórias altas, de gastroenterite aguda (por campylobacter) e antecedentes de infecções agudas por uma série de vírus tais como: Epstein Barr, citomegalovirus, HTLV, HIV, e diversos vírus respiratórios têm sido descritos. Em 2010, uma pesquisa realizada pela UFRJ, constatou que o vírus da Dengue poder ser um dos causadores (visto que 1-4% das pessoas com dengue desenvolveram a síndrome).

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

  • Dor nos membros inferiores seguida por fraqueza muscular progressiva de distribuição, que evolui para diminuição ou perda dos movimentos de maneira ascendente com flacidez dos músculos.

  • Perda dos reflexos profundos, a partir das primeiras horas ou primeiros dias.

  • Sintomas sensitivos: dor neurogênica, queimação e formigamento .

  • Pode haver alteração da deglutição.

  • Paralisia facial, ela pode ser bilateral.

  • Comprometimento dos centros respiratórios com risco de parada respiratória.

  • Sinais de disfunção do sistema nervoso autônomo traduzidos por variações da pressão arterial (hipertensão e hipotensão).

  • Taquicárdia ou arritmia cardíaca.

  • Sudorese.

  • Alteração dos movimentos dos olhos, perda dos reflexos sobretudo.

  • Assimetria importante da fraqueza muscular ou da perda de movimento.

  • Distúrbios graves de sensibilidade.

  • Disfunção vesical ou intestinal persistentes induzem questionamentos embora não excluam o diagnóstico

DIAGNÓSTICO

  • O diagnóstico tem como base a avaliação clínica e neurológica, a análise laboratorial do líquido cefalorraquiano (LCR) que envolve o sistema nervoso central, e a eletroneuromiografia.

  • É muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças auto-imunes e neuropatias, como a poliomielite e o botulismo, que também podem provocar déficit motor.

EXAMES COMPLEMENTARES

  • O exame de líquido cefalorraquidiano (líquido que circula entre o cérebro ou medula e os ossos do crânio ou da coluna respectivamente.

  • A eletrofisiologia ou eletroneuromiografia (exame que mede a atividade elétrica dos músculos e a velocidade de condução dos nervos).

TRATAMENTO

  • O tratamento da síndrome conta com dois recursos: a plasmaférese (técnica que permite filtrar o plasma do sangue do paciente) e a administração intravenosa de imunoglobulina para impedir a ação deletéria dos anticorpos agressores. Exercícios fisioterápicos devem ser introduzidos precocemente para manter a funcionalidade dos movimentos.

  • Medicamentos imunossupressores podem ser úteis, nos quadros crônicos da doença.

IMPORTANTE

  • A síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica que exige internação hospitalar já na fase inicial da evolução. Quando os músculos da respiração e da face são afetados, o que pode acontecer rapidamente, os pacientes necessitam de ventilação mecânica para o tratamento da insuficiência respiratória.

  • Em grande parte dos casos, a síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autolimitado. No entanto, o paciente deve ser levado imediatamente para o hospital assim que apresentar sintomas que possam sugerir a doença, porque pode precisar de atendimento de urgência.

  • Como ainda não foram determinadas as causas da doença, não foi possível também estabelecer as formas de preveni-la;

  • O processo de recuperação da síndrome, em geral, é vagaroso, mas o restabelecimento costuma ser completo.

  • É muito pequeno o número de casos da síndrome em que a causa pode ser atribuída à vacinação, em geral, contra gripe e meningite. Por isso, as pessoas devem continuar tomando essas vacinas normalmente;

  • A fisioterapia é um recurso fundamental especialmente para o controle e reversão do déficit motor que a síndrome pode provocar.

INCIDÊNCIA

  • A incidência anual é de 2-4 casos por 100.000 habitantes na América.

  • Os padrões epidemiológicos são semelhantes no mundo inteiro.


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